E ela sobe aqueles três degraus, se deixando revelar para o observador que disfarçadamente a admira, mesmo que se tivesse com os olhos fechados, o aroma sutil e agradável do Florata ulula sua passagem por aquele corredor estreito. Ela procura com um olhar atento um acento, ao encontrar – Que alívio! Senta-se.
O ônibus da Viação Rio Tinto, geralmente sortido pelas pessoas em busca do cumprimento dos afazeres, recebe a sua presença inconfundível, importante não só para os que anseiam a execução quase diária do ofício, mas para aquele cenário.
Tão suntuosa, tão ímpar. Será que suas roupas revelam sua personalidade?
Talvez seja a mera obrigação de cobrir o corpo no chamado fato social, mas a indicação de que tivera cuidado em compor o look seja um resquício da vaidade personal incumbida. Não se sabe o que pensa, talvez em algum problema corriqueiro como o vidro da janela do carro deixado baixado pela pressa no ato de correr apressada em busca do ônibus da Rio Tinto.
Tateia ao encontro da pequena válvula ao lado da poltrona, a inclina pausadamente para traz e fixa seu olhar na poltrona da frente até sentir o peso das pálpebras. Ela adormece.
Será que ela sonha? Aquele momento transmite tranqüilidade, sente-se inveja de tamanho sossego,tamanha capacidade de entrega, e a pequena viagem se passa.
Tudo se passa como um filme, ao fundo o som orquestral da Canção da Índia, de “Sadko”. Imaginário, mas real.
Na entrada em Mamanguape, o ônibus serpenteia por entre algumas ruas. Ela desperta,como se um relógio soasse, desinclina a poltrona, escova seus cabelos e espirra duas cheringadas de Amidalin, é necessário cuidar da voz. Às vezes retoca nos lábios um gloss cor de pêssego da natura, ela o fez. Receio que tema parecer cansada, ou com sono, ou sei lá. Então, ao descer do ônibus, pode-se notar que, vestira um manto invisível de poder, inteligência inesgotável; e o amor que a movia talvez brotasse do sonho de infância de ensinar; de transmitir conhecimento e interagir com os outros para discutirem um tema tão importante e necessário... A arte de administrar!
Nunca desistam dos sonhos, mesmo que pareçam distantes e fadigosos como esta marola diária à fim do cumprimento da labuta citada acima.
Lutar não é apenas um verbo. É, ou deveria ser, AÇÃO!!!
segunda-feira, 21 de dezembro de 2009
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